terça-feira, 29 de junho de 2021

A Dança

Foto Calida Garcia Rawles

A dança me envolveu, entrou no meu corpo.
Não sei te explicar, quando dei por mim eu já estava no seu ritmo, embalada pelo seu compasso.
A dança me acalma, me relaxa e me preenche como língua suave permeando cada centímetro meu.
Ela entrou feito água, apagando pouco a pouco todo o fogo que arde em mim.
A dança me liberta, me deixa solta. 
É difícil de explicar, ela é tântrica, transcende meu espaço, me tira do tempo.
Eu gosto disso.
Eu gosto da dança.
Gosto quando ela entra em mim devagar e sente meu movimento.
A dança me sente sem precisar me olhar.
Ela acompanha minha respiração, ela me inspira, me expira, nua, crua.
A dança me fortalece quando me enfraquece.
Ela palpita meu coração até a garganta de tanto que faz meu sangue correr. 
Ela me cansa, me deixa ofegante querendo mais.
Eu quero isso.
Eu quero a dança.
Eu quero ela perto, dentro, me fazendo transpirar, tencionar, me acabar.
A dança é intensa em mim, mas não é uma paixão que me perde.
Ela é leve feito plié, suave como ballet.
A dança conversa comigo, me joga na arte, me descreve com os dedos.
Vem quando quer e me deixa feliz.
Eu adoro isso.
Eu adoro a dança.
Adoro quando ela vem e gosto ainda mais quando vai embora.
Deixando só a música tocando na sala vazia, deixando só cheiro de incenso no ar.
É, a dança me envolveu, me estremeceu, entrou, saiu, veio, foi e vai voltar. 
Não sei te explicar, quando dei por mim deixei ela entrar e se quiser pode ficar o tempo que precisar, no seu ritmo, no seu compasso.
Dança... você é foda cara!